Não sei se você já ouviu falar neste termo, mas tenho certeza que já conheceu alguém assim, dependendo do outro para ´´sobreviver“. Essas pessoas, que muitas vezes se mostram excessivamente dependentes ou esperam que os outros assumam responsabilidades que seriam delas, geralmente têm padrões de pensamento e comportamento complexos que podem ser analisados por diferentes perspectivas.

Uma delas seria na visão de John Bowlby, psicanalista que explica o comportamento da fase adulta ligado à infância através da teoria do apego. Essa teoria sugere que os primeiros relacionamentos com os cuidadores principais moldam como as pessoas percebem as relações na vida adulta. Uma pessoa que teve um vínculo inseguro ou superprotetor com os pais pode crescer com uma expectativa inconsciente de que os outros devam sempre cuidar dela.

Já Freud, propôs que o desenvolvimento psicossexual ocorre em fases, e problemas em uma dessas fases podem levar a fixações que afetam o comportamento adulto. A fase oral, que ocorre no primeiro ano de vida, é caracterizada pela dependência do bebê em relação à mãe para alimentação e conforto. Se o indivíduo não ultrapassa adequadamente essa fase, ele pode desenvolver uma personalidade dependente, esperando que outras pessoas satisfaçam suas necessidades emocionais e materiais.

Além disso, a expectativa de que os outros devam cuidar delas também pode ser uma forma de controle e não apenas de dependência. Ao colocar a responsabilidade no outro, a pessoa mantém uma posição de poder, mesmo que isso seja disfarçado de fraqueza. Esse comportamento pode ser visto como uma forma de manipulação emocional, onde a pessoa coloca os outros em uma posição de protetores, forçando-os a assumir um papel parental ou de cuidador em todo o tempo.

Este tipo de dinâmica pode ser prejudicial para os relacionamentos. O parceiro ou amigo que assume o papel de cuidador pode acabar sobrecarregado, ressentido, e eventualmente esgotado. Por outro lado, a pessoa que exige cuidado pode se tornar cada vez mais dependente e incapaz de enfrentar desafios de forma autônoma, criando um ciclo vicioso de dependência e ressentimento. A psicanálise sugere que a chave para romper com este padrão está na autocompreensão e na resolução de conflitos internos. Através da análise, o sujeito pode explorar as raízes de seu comportamento dependente, desenvolver uma maior consciência de si mesmo e aprender a assumir responsabilidade por sua própria vida. Esse processo pode envolver confrontar medos de abandono, desenvolver autoestima e aprender habilidades práticas e emocionais para viver de forma mais independente.

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