Os Jogos Olímpicos são uma celebração global do esporte e da capacidade humana, representando o auge da performance física e técnica. No entanto, além dos desafios físicos, os atletas enfrentam um complexo cenário psicológico.

Para um atleta olímpico, a preparação mental é tão crucial quanto a física. Questões como ansiedade, medo de falhar, pressão externa e interna, além da necessidade de auto-superação, são comuns, mas será que tudo isso tem sido visto e/ou cuidado como se deveria?
Antes dos jogos Olímpicos iniciarem a comissão de organizao deu uma entrevista informando que sim. Que várias medidas e iniciativas foram implementadas para apoiar os atletas nesse aspecto durante os Jogos Olímpicos. Algumas delas foram: presença de psicólogos esportivos, serviços de terapia, políticas e protocolos de saúde mental, além de educação e conscientização e.recursos online disponibilizados.

Mesmo com “todos” esses recursos ainda vemos pouca divulgação sobre o assunto nas mídias e até mesmo entre os próprios atletas. Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, Simone Biles trouxe à tona a importância do cuidado com a saúde mental ao se retirar de várias competições para se concentrar em seu bem-estar psicológico. Sua decisão gerou discussões significativas e levou a um maior reconhecimento da necessidade de suporte mental para atletas. Michael Phelps, como um dos atletas olímpicos mais bem-sucedidos, usou sua plataforma para falar abertamente sobre suas lutas com depressão e ansiedade, e tem sido um defensor ativo da saúde mental no esporte.

Muitos outros atletas têm conseguido dialogar sobre o assunto e isso tem ajudado a trazer mudanças para o esporte, porém temos que reconhecer que ainda precisamos avançar nessa área tão cobrada e que nos traz tantas alegrias, que é o esporte.

Nosso inconsciente guia nossas escolhas mais do que imaginamos. Freud revelou que grande parte do nosso comportamento é influenciado por desejos, medos e memórias que estão fora da nossa consciência. Esses elementos ocultos moldam quem somos e como reagimos ao mundo ao nosso redor.

Você já deve visto a imagem de um iceberg mostrando a sua ponta e representando a nossa mente consciente, enquanto a enorme massa submersa dizia representar o nosso inconsciente certo? Pois é isso mesmo que Freud quis dizer sobre o nosso aparelho psíquico, mesmo que não possamos ver a parte submersa (o inconsciente), ela exerce uma grande influência sobre a nossa vida.
Muitas vezes, tomamos decisões sem entender completamente o porquê. Por exemplo, podemos escolher um parceiro que se assemelha a um dos nossos pais, repetindo padrões de relacionamento que aprendemos na infância. Essas escolhas são guiadas por desejos e conflitos internos que não estamos cientes.
Os mecanismos de defesa vão nos ajudar a lidar com conflitos internos e proteger nossa mente de sentimentos dolorosos. A repressão, por exemplo, empurra pensamentos e emoções desconfortáveis para fora da nossa consciência. Já a projeção nos faz atribuir nossos próprios sentimentos inaceitáveis a outras pessoas. E isso faz com que não fique ´´tão“ pesado carregar tantos conflitos dentro de nós.

A psicanálise nos oferece ferramentas para explorar esses aspectos ocultos. A análise é uma delas, podemos trazer à tona desejos reprimidos e entender melhor os conflitos que moldam nosso comportamento. Esse processo de autoconhecimento é essencial para o crescimento pessoal e para a construção de uma vida mais equilibrada e satisfatória.
Prestar atenção aos nossos sonhos é outra maneira de acessar o inconsciente. Freud acreditava que os sonhos são a janela para nossos desejos reprimidos. Ao interpretar nossos sonhos, podemos obter insights valiosos sobre nossos verdadeiros sentimentos e conflitos internos.

Enfim, ao entender e explorar essa parte oculta da mente, podemos nos libertar de padrões prejudiciais e viver de maneira mais autêntica e consciente. A autoconsciência é o primeiro passo para a mudança, e a psicanálise nos guia nesse caminho de descoberta interior, nos fazendo pensar o porque estamos naquele lugar e não simplesmente nos moldando para sair daquele lugar.
Se você deseja saber mais sobre alguns comportamentos que o incomodam e não sabe o porque comete, faça análise, temos profissionais capacitados que podem atender você.

A psicanálise winnicottiana, desenvolvida pelo pediatra e psicanalista britânico Donald W. Winnicott, oferece uma perspectiva única sobre o trauma do abandono. Focando na importância das primeiras relações e no ambiente de desenvolvimento infantil,
Winnicott destacou a importância do “ambiente suficientemente bom” nos primeiros anos de vida, enfatizando o papel crucial da mãe ou do cuidador primário. Para o autor, um ambiente suficientemente bom é aquele em que o cuidador é capaz de atender às necessidades emocionais e físicas do bebê de forma consistente e sensível. Esse cuidado adequado permite que a criança desenvolva um senso de segurança e confiança no mundo, fundamental para o seu desenvolvimento emocional saudável.

No contexto do trauma do abandono, a ausência desse cuidado consistente e sensível pode levar a danos significativos no desenvolvimento emocional da criança. O abandono, seja físico ou emocional, gera um rompimento na continuidade do ser e esse rompimento pode resultar em sentimentos profundos de desamparo, insegurança e medo, impactando negativamente a capacidade da pessoa de formar relacionamentos saudáveis no futuro.

Winnicott introduziu a ideia de “falsos self” e “verdadeiros self” para explicar as defesas que a criança desenvolve em resposta a um ambiente inadequado. O verdadeiro self é a essência genuína da pessoa, enquanto o falso self é uma máscara criada para se adaptar a um ambiente que não atende às suas necessidades emocionais. No caso de trauma de abandono, a criança pode desenvolver um falso self como mecanismo de defesa, suprimindo suas verdadeiras emoções e necessidades para sobreviver emocionalmente em um ambiente negligente ou hostil.

A abordagem da psicanálise Winnicottiana para tratar o trauma do abandono foca na criação de um ambiente terapêutico que funcione como uma “mãe suficientemente boa”. O terapeuta, nesse contexto, atua como uma figura que oferece um espaço seguro e acolhedor onde o paciente pode explorar e expressar suas emoções e experiências. Através dessa relação terapêutica, o paciente tem a oportunidade de vivenciar, possivelmente pela primeira vez, um cuidado consistente e sensível, fundamental para a reparação das feridas emocionais causadas pelo abandono.

O terapeuta, agindo como uma figura de apego, oferece um espaço seguro onde o paciente pode explorar suas emoções e experiências, facilitando a reconexão com o verdadeiro self e a reparação das feridas emocionais. A ênfase no brincar como ferramenta terapêutica também é fundamental, permitindo que o paciente acesse e integre partes de sua psique de maneira lúdica e segura, já que o autor acreditava que o brincar é uma atividade essencial para a saúde emocional, permitindo que o indivíduo explore e integre aspectos de si mesmo de maneira criativa e segura.

O filme Divertidamente 2 continua a explorar o complexo mundo das emoções humanas, oferecendo uma rica narrativa que se presta a uma análise aprofundada através da lente da psicanálise. Esta sequência, assim como seu antecessor, utiliza uma abordagem inovadora ao representar as emoções como personagens independentes que interagem e influenciam o comportamento da jovem protagonista, Riley. A psicanálise, com suas teorias sobre o inconsciente, os mecanismos de defesa e o desenvolvimento emocional, fornece um quadro teórico robusto para entender as dinâmicas apresentadas no filme.

Em Divertidamente 2, o filme aborda a adolescência, a identidade e a integração de memórias e experiências. Durante a adolescência, de acordo com a teoria psicanalítica, há uma reativação dos conflitos edípicos e uma renegociação da identidade, onde o ego deve integrar novas demandas do id e do superego. O filme mostra Riley enfrentando novos desafios emocionais e sociais, que refletem essa turbulenta fase de transição.

A relação entre as emoções no filme e os mecanismos de defesa também é visível. Mecanismos como a repressão, a projeção e a racionalização podem ser observados nas ações das emoções enquanto elas tentam proteger Riley de dores emocionais e lidar com experiências desconfortáveis. Em Divertidamente 2, vemos uma evolução nesta dinâmica, onde há uma maior aceitação e integração das diferentes emoções, sugerindo um amadurecimento emocional e uma maior resiliência psicológica.

Outro ponto sensacional do filme é a formação de memórias e o papel do inconsciente. A psicanálise enfatiza que as experiências passadas, especialmente as traumáticas, são armazenadas no inconsciente e influenciam o comportamento atual. No filme, as memórias de Riley são representadas por orbes coloridas que mudam de cor dependendo das emoções associadas a elas. Esta representação visual oferece uma metáfora poderosa para como as memórias são processadas e integradas na psique. A transição das memórias de cores únicas para combinações multicoloridas simboliza a complexidade das experiências humanas e a integração das emoções conflitantes, refletindo um processo de amadurecimento emocional.

Além disso, a figura dos pais de Riley e suas interações com as próprias emoções também oferece uma perspectiva interessante para a análise psicanalítica. O relacionamento com os pais é crucial na teoria psicanalítica, pois os pais são figuras centrais no desenvolvimento do superego e na formação da identidade. As emoções dos pais, mostradas em paralelo às de Riley, revelam como as emoções dos adultos são mais complexamente integradas e como eles também enfrentam conflitos emocionais. Isso destaca a importância do ambiente familiar no desenvolvimento emocional de uma criança

A insegurança é uma emoção complexa que se manifesta de diversas formas, desde a dúvida sobre as próprias capacidades até a ansiedade em relações interpessoais.

Na psicanálise, a insegurança é vista como um sintoma que emerge de conflitos inconscientes não resolvidos. Freud postulou que o inconsciente abriga desejos, medos e lembranças reprimidas que influenciam o comportamento e as emoções do indivíduo. A insegurança pode ser entendida como uma manifestação desses conteúdos reprimidos que surgem de maneira indireta.

Melanie Klein e outros teóricos das relações objetais expandiram a compreensão freudiana, focando na importância das primeiras relações interpessoais na formação da psique. Segundo essa teoria, as interações iniciais com os cuidadores (geralmente a mãe) moldam a forma como o indivíduo se percebe e se relaciona com os outros. A insegurança pode resultar de experiências de apego inconsistente ou problemático, onde o indivíduo internaliza figuras parentais como objetos de amor e ódio. Essas internalizações formam o núcleo das percepções de autoimagem e valor pessoal.

No setting terapêutico o papel do analista será ajudar o paciente a se sentir seguro o suficiente para que consiga trazer à consciência os conflitos e conteúdos reprimidos que sustentam esse sentimento (a insegurança). Através da associação livre, da interpretação dos sonhos e da análise das transferências, o analista ajuda o paciente a reconhecer e elaborar suas ansiedades e inseguranças. Esse processo pode revelar a origem desses sentimentos em experiências infantis e relações significativas, permitindo ao indivíduo reestruturar sua autoimagem e fortalecer seu ego.

O Dia dos Namorados, celebrado em muitos países como um momento de demonstração de amor e afeto entre casais, oferece uma rica oportunidade para explorar as complexas dinâmicas psíquicas envolvidas nos relacionamentos amorosos. Do ponto de vista da psicanálise, esse dia não é apenas uma ocasião para presentes e declarações de amor, mas também um momento que pode revelar profundas camadas do inconsciente, refletindo desejos, ansiedades e conflitos internos.

Na psicanálise, o amor romântico é frequentemente visto como uma projeção de desejos inconscientes. Freud, sugeriu que nossas escolhas amorosas são influenciadas por padrões estabelecidos na infância, especialmente na relação com os pais e outras figuras importantes de apego. O conceito de transferência é central aqui: os sentimentos e expectativas que tínhamos em relação aos nossos pais podem ser transferidos para nossos parceiros amorosos, muitas vezes de maneira inconsciente.
Essa transferência pode explicar por que muitas pessoas se sentem atraídas por parceiros que, de alguma forma, lembram suas figuras parentais ou que parecem preencher lacunas emocionais deixadas por essas primeiras relações.

No Dia dos Namorados, essas dinâmicas transferenciais podem intensificar, visto que é comum idealizar o parceiro e o relacionamento, vendo-os como perfeitos e livres de defeitos. Essa idealização pode funcionar como um mecanismo de defesa contra o medo da intimidade e do abandono. Algo muito comum também são as inseguranças e conflitos internos que podem ser projetados no parceiro, levando a mal-entendidos e tensões. Por exemplo, uma pessoa que se sente insegura pode acusar o parceiro de não demonstrar amor suficiente, refletindo suas próprias ansiedades.

Ao reconhecer e trabalhar com essas dinâmicas internas, podemos cultivar relacionamentos mais profundos e satisfatórios, celebrando o amor de maneira mais consciente e menos fantasiosa. Mas a pergunta que fica é: será que queremos isso? Afinal viver de fantasia nos dá mais prazer não é mesmo?

Feliz dia dos namorados!