Vivemos em tempos desafiadores, onde a ansiedade e o estresse parecem estar à espreita em cada esquina. É cada vez mais comum ouvir histórias de pessoas que só conseguem encontrar descanso com a ajuda de medicações para dormir. Mas o que isso diz sobre nossa sociedade e nossa psique?

A psicanálise nos convida a explorar os intervalos mais profundos de nossa mente, compreendendo que nossos comportamentos e sintomas são reflexos de conflitos internos não resolvidos. Para muitos, o sono deveria ser um refúgio natural, um momento de repouso e renovação. No entanto, a incapacidade de adormecer sem auxílio químico tem crescido cada vez mais no mundo todo, e isso pode revelar uma desconexão com nosso próprio mundo interno. Dessa forma, quando nos deparamos com uma geração inteira dependente de remédios para dormir, acabamos nos questionando: o que estamos tentando silenciar?

Vivemos numa era de constante performance e produtividade, onde o tempo para o descanso e o autocuidado é muitas vezes negligenciado. Essa pressão incessante pode gerar uma ansiedade tão avassaladora que o sono, uma necessidade básica, se torna um desafio. Porém, ao invés de apenas silenciarmos nossos sintomas com medicação, que tal explorarmos o que nossa insônia está tentando nos comunicar? Que tal darmos espaço para nossas emoções, por mais desconfortáveis que sejam, e procurarmos compreender as raízes de nosso mal-estar?

Não se trata de rejeitar a medicação, mas de buscar um entendimento mais profundo das causas de nossa ansiedade e insônia. Buscar a causa do sintoma e não apenas tentar excluí-lo. Te convido a tentar 😉

Boa noite e bons sonhos!

No mundo, muitas pessoas famosas são idolatradas pelo trabalho ou pela aparência na TV e nas redes sociais. Vemos pessoas fazendo sacrifícios para se aproximar de seus ídolos e, em alguns casos, até tragédias ocorrendo. Mas o que leva centenas e até milhares de pessoas a seguirem outra pessoa tão comum quanto elas? Como a psicanálise explica essa relação fã x ídolo?

A primeira coisa que a psicanálise diz sobre isso é a identificação e a idealização. Muitas vezes, os fãs se identificam com seus ídolos, projetando neles características que desejam para si mesmos. Essa identificação pode ser uma forma de compensar sentimentos de inadequação ou insatisfação pessoal. O ídolo pode representar um ideal a ser alcançado, e o amor do fã pode ser uma expressão desse desejo de se tornar como o ídolo.

Outra explicação da psicanálise é a transferência e a relação objetal. Como alguns já sabem, a transferência refere-se à transferência de sentimentos e desejos inconscientes de uma pessoa para outra. No caso do amor de fã, os fãs podem transferir sentimentos de amor, admiração, desejos e até mesmo dependência para seus ídolos. O ídolo pode se tornar um objeto de desejo e fantasia para o fã, preenchendo necessidades emocionais e oferecendo um sentido de conexão emocional.

Algo muito comum também é a fantasia e o escape. Para muitos fãs, o relacionamento com seu ídolo oferece uma forma de escapismo e fantasia. Através do amor de fã, eles podem se envolver em um mundo imaginário onde se sentem mais vivos, felizes e satisfeitos. Isso pode ser especialmente significativo para pessoas que enfrentam dificuldades na vida cotidiana, pois oferece uma forma de lidar com o estresse e encontrar conforto emocional. Por isso, vemos muitos depoimentos de fãs ao ídolo como “você me fez sair da depressão” ou “você me ajudou a sair do luto”.

E por último, mas não menos importante, sempre que pensamos em pessoas, pensamos em grupo, coletivo, comunidade. E assim também pensamos o amor de fãs como uma força de grupo e comunidade. O amor de fã muitas vezes se manifesta em fã-clubes, onde os membros compartilham interesses comuns e se apoiam mutuamente. Essas comunidades podem servir como um espaço seguro para os fãs expressarem sua devoção, compartilharem suas experiências e se conectarem com outras pessoas que entendem seu amor pelo ídolo. Atualmente, vemos muito isso em grupos de todas as redes sociais, e ali eles se fortalecem emocionalmente.

No entanto, é importante notar que o amor de fã pode assumir formas saudáveis ou patológicas, dependendo da intensidade e do impacto que tem na vida do sujeito. Na maioria dos casos, o amor de fã é uma expressão normal e até benéfica de admiração e conexão emocional, mas em alguns casos extremos, pode levar a comportamentos obsessivos ou disfuncionais que podem exigir intervenção psicológica. Costumo dizer que tudo em excesso faz mal. Tudo o que começa a atrapalhar a rotina precisa ser um sinal de alerta. Então, caso sua rotina esteja sendo afetada, busque ajuda profissional.

A pedofilia, que é a atração sexual por crianças, é um tema complexo e sensível que causa repulsa e medo na sociedade. Para entendê-la profundamente, precisamos olhar além da condenação moral. A psicanálise, que explora os aspectos mais profundos da mente humana, oferece uma perspectiva valiosa para entender as origens e manifestações dessa condição.

Segundo a teoria de Freud, a pedofilia pode estar ligada a fixações ou traumas que ocorreram nas primeiras fases do desenvolvimento sexual. Essas fixações podem fazer com que a pessoa busque, inconscientemente, reviver ou consertar experiências passadas não resolvidas. Por exemplo, alguém que foi abusado na infância pode desenvolver uma compulsão para repetir essa dinâmica, agora como agressor, numa tentativa distorcida de controlar ou entender o trauma.

Os sintomas da pedofilia podem ser vistos como uma expressão simbólica de conflitos internos. O comportamento pedofílico pode ser uma manifestação de ansiedades profundas relacionadas à identidade sexual e ao medo de intimidade com adultos, redirecionando essas ansiedades para uma criança, que é vista como menos ameaçadora.

O tratamento psicanalítico de indivíduos com tendências pedofílicas é desafiador e exige um compromisso profundo tanto do paciente quanto do analista. O objetivo não é apenas reprimir os comportamentos inaceitáveis, mas entender e transformar as dinâmicas subjacentes que os alimentam.

Através da exploração de experiências passadas, fantasias inconscientes e padrões de comportamento, a psicanálise busca ajudar o paciente a integrar aspectos dissociados de sua mente. Essa integração pode levar a uma diminuição dos impulsos pedofílicos e ao desenvolvimento de formas mais saudáveis de relacionamento e sexualidade.

Nas últimas semanas, temos nos deparado com as notícias devastadoras que atingem a população do Rio Grande do Sul. Famílias que, de uma hora para outra, viram suas vidas de cabeça para baixo. O que elas poderiam fazer era apenas esperar a ajuda chegar, e ainda bem que ela chegou. Hoje, o mundo se move para ajudar o RS. Povos de diferentes etnias, opiniões políticas, religiões ou poder aquisitivo deram as mãos para enviar o que podem para ajudar a população que hoje nada tem e a reconstruir aquilo que foi perdido. A solidariedade falou mais alto.

Na psicanálise, podemos compreender um pouco sobre a solidariedade através do Superego. O superego, muitas vezes chamado de “consciência moral”, é formado por valores, normas e ideais internalizados ao longo do desenvolvimento humano, principalmente durante a infância. É ele que dita o comportamento moral e ético de uma pessoa. Dentro do superego, encontramos o conceito de “identificação”, que desempenha um papel crucial na solidariedade. A identificação, de acordo com a psicanálise, é o processo pelo qual uma pessoa internaliza características ou valores de outra, geralmente de uma figura de autoridade (na infância, os pais). Ao nos identificarmos com os outros e nos sentirmos conectados emocionalmente, estamos satisfazendo nosso impulso natural de busca por amor e conexão.

Em alguns casos, a solidariedade pode também ser representada pela agressão, destrutividade e o desejo de morte. Embora possa parecer contraditório, a solidariedade também pode ser impulsionada por um desejo de aliviar a própria angústia ou culpa ao ajudar os outros. Reconhecendo a complexidade da mente humana, a psicanálise nos traz esses pontos de vista para analisarmos e percebermos o quanto nos influencia no nosso cotidiano. Porém, hoje somos gratos por todo e qualquer tipo de ajuda que esteja sendo oferecida aos nossos irmãos brasileiros do RS. Se você também quiser ajudar, fale conosco.

Na psicanálise, tanto o amor quanto o ódio desempenham papéis significativos no entendimento da psique humana e das relações interpessoais.
Podemos dizer que o amor é um tema central na vida das pessoas. Desde cedo somos ensinados a amar uns aos outros. Até mesmo Jesus coloca como um de seus principais mandamentos “amar ao próximo como a si mesmo”. Mas será que só de amor vive o ser humano?
Na teoria freudiana, o amor está intimamente ligado ao conceito de libido, ou energia psíquica, que impulsiona os desejos e motivações humanas. Freud também explorou o conceito de transferência, onde os sentimentos inconscientes de uma pessoa em relação a figuras importantes de seu passado (os pais) são transferidos para outras pessoas, como o terapeuta.
Já quando nos referimos ao ódio muitas pessoas não conseguem assumir este sentimento, explicando que seria algo muito forte a se sentir.
De acordo com o dicionário online Priberam ódio significa “Sentimento de intensa animosidade relativamente a algo ou alguém, geralmente motivado por antipatia, ofensa, ressentimento ou raiva”. Dessa forma, crescemos aprendendo a reprimir essa emoção, não podemos sentir, muito menos demonstrar.
Na psicanálise Freud argumentou que o ódio surge como resultado de frustrações e conflitos não resolvidos na infância. Esses sentimentos podem ser direcionados para figuras parentais, autoridades ou qualquer pessoa que represente uma fonte de dor ou trauma. O ódio também pode estar relacionado a mecanismos de defesa, como a projeção, onde sentimentos indesejados são atribuídos a outras pessoas.
No entanto, a relação entre o amor e o ódio é ainda mais complexa. Freud introduziu o conceito de ambivalência, que se refere à coexistência de sentimentos opostos em relação a uma mesma pessoa ou objeto.
Na terapia psicanalítica, explorar e entender esses sentimentos ambivalentes é crucial para o processo de autoconhecimento e crescimento emocional. Ao reconhecer e confrontar esses sentimentos contraditórios, o sujeito pode começar a entender melhor as raízes de seus comportamentos e relacionamentos.

Para Winnicott, o brincar não era apenas uma atividade trivial, mas sim uma expressão fundamental da criatividade e do desenvolvimento infantil. Ele via o brincar como um espaço intermediário entre a realidade interna e externa, onde a criança pode explorar, experimentar e expressar-se livremente. Esse processo de brincar é essencial para o desenvolvimento saudável e também serve como uma base para formas mais complexas de criatividade na vida adulta. Ele acreditava que a capacidade de ser criativo e expressar-se autenticamente é uma parte essencial do desenvolvimento saudável do self. O brincar, na visão winnicottiana, é uma expressão central da natureza humana, uma forma pela qual a criança interage do mundo interno ao externo. Dessa forma, o brincar oferece à criança uma saída segura para expressar emoções, desejos e experiências. Ela pode usar o brincar como um meio de processar eventos traumáticos, resolver conflitos e explorar questões emocionais complexas. A falta de oportunidades para a expressão criativa pode levar a dificuldades emocionais e psicológicas.